Perguntas
que precisam ser vividas.
Sempre fui fascinado por todo o universo do Ser Humano, sempre gostei
de gente, de ouvir gente, de falar com gente de estar no meio de gente, talvez
isso explique o fato de ser professor.
Como gosto de ouvir as pessoas, com meus alunos não é diferente. Certa
manhã chuvosa, veio ao meu encontro um aluno que sem pedir licença, nem rodeios
me lança tal pergunta:
- Professor por que tenho que estudar trabalhar, passar por privações,
provações e sofrimentos que sei que um dia morrerei? No primeiro momento
pensei: “deve ser por que o céu está nublado e as nuvens cinzentas”, isso deve
ter gerado um conflito existencial nele. Além do mais o aluno pensava em
evadir-se da escola, pois estava faltando demais e com baixa autoestima. Confesso
que não o levei tão a sério e lhe dei algumas respostas, que de nada o
convenceu pela cara que fez. Não me preocupei com o ocorrido e continuei meu
trabalho. Chegando em casa aquela pergunta” martelava” minha cabeça, fui até
uma pequena estante onde tenho alguns poucos livros , fui tentar achar na
literatura, na filosofia e na teologia alguma resposta a tal pergunta. “““ “““
Peguei em minhas mãos dois livros do monge beneditino alemão Anselm Grün, um
chamava-se o “Livro das Respostas” e o outro” O que fiz para merecer isto”?
O primeiro livro estava repleto de perguntas e dúvidas existenciais
que todos nós temos em algum momento de nossas vidas, tais como: Por que Deus
permite o sofrimento? Por que existem crianças com câncer? Depois que eu morrer
para onde eu vou? E o segundo livro que explicava sobre a incompreensível
justiça de Deus, que tinhas também algumas indagações que muitos de nós ouvimos
por ai, como: Por que os bons morrem cedo?
E porque as pessoas boas sofrem? Nesse momento de leitura, de reflexão,
dei à devida importância a pergunta de meu aluno, que sem dúvida são muitas
perguntas que nós também já fizemos em alguma fase de nossas vidas. Foi aí que
descobri que existem dois tipos de perguntas: perguntas que necessitam serem
respondidas rapidamente e perguntas que precisam ser vividas. Aí descobri que a
pergunta de meu aluno e aquelas todas dos livros eram perguntas que
necessitavam ser vividas, experimentadas, talvez vivê-las é de certa forma uma
maneira saborosa de respondê-las. “Quando queremos respostas imediatas a esses
tipos de perguntas existenciais como a de meu aluno, corremos o risco de nos
perdermos durante nossa caminhada, perdermos nosso referencial, sairmos do
eixo, pois perguntas desse tipo é um belo exercício de” repensada” da nossa
existência e consequentemente de nossas vidas. Aqui devemos ter muito zelo e
cuidado com as respostas que daremos a tais perguntas, e nesse momento leitor
se você me permitir gostaria de plagiar meu aluno e lançar algumas perguntas
para sua reflexão. Será que estamos tendo cuidado suficiente com os amores
passageiros, pois os mesmos costumam
deixar marcas dolorosas que não passam? Será que nossa juventude tem tido
cuidado com os invasores dos seus corpos, pois os mesmos não costumam voltar
para ajudar a consertar a desordem? Será que estamos tomando cuidado suficiente
com as palavras mentirosas que se esparramam por aí, elas costumam estragar
nosso referencial de verdade? Será que os jovens ou nós mesmos estamos tendo
esse cuidado às perguntas que fazem ninhos em nossas cabeças? Aprendi na vida
cristã que nem sempre posso compreender tudo, isso não me faz impotente diante
das perguntas nem abala minha fé, pois certos tipos de perguntas pertencem ao
Mistério do meu Criador, e não é função minha respondê-las e nem explicá-las,
pois reconheço minha pequenez, minha limitação, sei das minhas fronteiras, e
não quero cometer simonia( uso indevido do Sagrado).Além do mais nós seres
humanos somos sedentos por respostas imediatas, e tão logo tomamos conhecimento
de tal explicação, depois de um certo tempo aquela resposta já não nos satisfaz
mais. Faça uma experiência com você , desafie-se a responder essas duas perguntas, qual você
julga ser mais fácil: O que você faz na vida? Ou o que você é na vida? Logicamente
é muito mais fácil responder o que nós fazemos do que realmente nós somos. As
perguntas que diz respeito a nós, ao nosso íntimo, exige vivência, caminhada,
fé e esperança. Perguntas como a
primeira, que são para serem meramente respondidas, são as que o nosso mundo
nos cobra e não nos faz evoluir em nada. Perguntas existenciais são um aprendizado
constante mesmo parecendo que estamos pairando sobre dúvidas, perguntas desse
tipo nos faz transcender, sair do lugar comum, nos encoraja em direção ao que é
Divino e Eterno, nos faz transfigurar como pessoa. E voltando lá para o início
do texto, quando fui surpreendido pela pergunta de meu aluno, peço novamente a
sua permissão leitor para fazer uma última pergunta a você, e espero que você
se debruce sobre ela e responda honestamente a você mesmo: Quem é você?
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